Este que vos escreve, pai de um autista (acho o termo “pai atípico” meio cansado), sente-se cheio de gratidão ao transmitir esta mensagem.
Foi numa noite de sexta-feira que adentrei o Centro Médico da Jaiara e me deparei com um painel que já dava o tom do que eu poderia esperar do atendimento:
“Nem todo ser humano é autista, mas todo autista é ser humano.”
Parece óbvio, até simples, mas só quem sai com um autista por aí sabe o que é receber olhares de estranhamento. Tudo para nós é desafiador — afinal, nunca sabemos o que esperar, nem de um lado, nem do outro.
Meu filho não interage de imediato, e não é fácil para nenhuma equipe médica lidar com uma criança ardendo em febre e se debatendo de medo ao ser simplesmente tocada. Geralmente, desistem na segunda tentativa.
Mas desta vez, não.
Assim que cheguei à recepção e informei que meu filho era autista, rapidamente uma equipe se mobilizou. Ele foi levado para um ambiente separado, onde recebeu um atendimento totalmente humanizado e prioritário (lembrando que existe uma grande diferença entre “preferencial” e “prioritário”). A médica foi até meu filho. Os enfermeiros foram até meu filho. E tudo correu surpreendentemente bem.
Foi uma noite atípica.
Se você tem um filho autista e precisa de pronto atendimento para casos de baixa e média complexidade, leve-o ao Centro Médico da Jaiara. E que este exemplo inspire as demais unidades. Que todos os gestores aprendam com a equipe e a gestão do CMJ. Até porque a mesma FUNEV, que já critiquei por deixar um autista esperando mais de cinco horas na UPA Pediátrica, agora está dando um show de atendimento no Centro Médico da Jaiara!