Quando se fala em colapso no sistema de urgência e emergência, é comum ouvir que o problema se resume à sobrecarga da atenção básica. Mas essa é uma visão simplista e incompleta da realidade. A atenção básica, como porta de entrada do SUS, tem um papel fundamental na prevenção e no acompanhamento contínuo da saúde da população. No entanto, ela não foi estruturada para sustentar sozinha a complexa rede de urgência e emergência, que exige recursos, leitos, especialistas e fluxo contínuo de atendimento.
O que muitos esquecem é que o verdadeiro gargalo da urgência e emergência está também, e principalmente, na ausência de uma porta de saída eficiente para os pacientes. Sem leitos hospitalares de retaguarda, pacientes que deveriam ser internados acabam permanecendo por dias, às vezes semanas, em prontos-socorros e UPAs, ocupando vagas que deveriam estar disponíveis para novos casos.
Esse acúmulo gera um efeito cascata, ambulâncias sem onde deixar os pacientes, macas nos corredores, profissionais exaustos e, o mais grave, vidas em risco.
Nesse contexto, o Hospital Georges Hajjar se mostra estratégico para o alívio dessa crise. Sua plena ativação significaria a ampliação imediata da capacidade hospitalar, com novos leitos clínicos e de terapia intensiva, possibilitando que pacientes da rede de urgência e emergência possam, finalmente, ter uma saída adequada para o tratamento contínuo.
O Georges Hajjar não é apenas mais um hospital, ele é uma peça-chave para destravar o fluxo da rede. Sua operação pode representar a diferença entre um sistema que colapsa diariamente e um SUS que funciona com dignidade e eficiência.
Portanto, a solução para o colapso da urgência e emergência não está apenas na base. Está também no topo da rede, onde faltam retaguarda hospitalar, leitos de internação e políticas públicas efetivas. Sem porta de saída, não existe fluxo, e sem fluxo, o sistema para.