A Assembleia Legislativa de Goiás, que deveria ser o pilar da democracia e da representação popular, hoje carrega um novo e preocupante apelido, o abrigo dos derrotados. Ex-prefeitos, ex-vereadores e políticos rejeitados pelas urnas passaram a ocupar cargos na estrutura legislativa, não pelo voto, mas por conveniência política e apadrinhamento.
Um exemplo claro desse desvio de finalidade é a recente nomeação de Cleudes Bernardes da Costa, conhecido como Baré, derrotado nas últimas eleições municipais na cidade de Bom Jardim de Goiás. Mesmo sem o aval das urnas, Baré foi agraciado com um cargo comissionado na Assembleia, onde recebe salário pago com dinheiro público, sem função definida, sem responsabilidade clara e sem entregar qualquer retorno à população.
E ele está longe de ser um caso isolado. Mais de 15 ex-prefeitos, muitos deles também rejeitados pelo voto popular, hoje ocupam cargos semelhantes dentro da Assembleia Legislativa. Todos nomeados sob o comando do presidente da Casa, Bruno Peixoto (UB), que transformou a instituição em um verdadeiro cabide de empregos, uma espécie de colônia de férias para apadrinhados políticos.
Enquanto isso, o povo goiano sofre com os efeitos do abandono. A educação estadual está em frangalhos, com escolas sucateadas, falta de professores e desempenho alarmante em avaliações nacionais. A saúde pública amarga uma das piores posições do Brasil, com pacientes morrendo à espera de atendimento, unidades superlotadas e serviços colapsados.
Dentro do plenário, o cenário é ainda mais lamentável. A Assembleia tem se tornado um palco de escândalos e cenas grotescas. Já houve sessão em que pacotes de dinheiro caíram no chão durante discursos. Deputados trocam farpas sobre a idade de suas esposas e se auto intitulam “legendários”, como se fossem personagens de uma novela ruim, enquanto ignoram os problemas reais do estado.
A população, que arca com os custos milionários da estrutura legislativa, assiste a tudo com indignação. A Assembleia Legislativa de Goiás hoje custa caro e entrega pouco, ou nada. Tornou-se símbolo do desperdício, da falta de seriedade e da total desconexão com a realidade vivida pelos cidadãos.
Ao invés de legislar em nome do povo, virou refúgio de derrotados, vitrine de vaidades, trampolim de interesses pessoais. A pergunta que paira no ar é uma só, até quando o contribuinte goiano vai sustentar esse teatro vergonhoso?