Em tempos de redes sociais transformadas em tribunais, onde likes valem mais que provas, a médica e blogueira Marcela Pimenta decidiu atacar não apenas uma instituição, mas a honra de dezenas de profissionais que arriscam a vida diariamente para salvar outras. Em uma postagem completamente irresponsável, ela acusou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) de Anápolis de ser palco de tráfico de drogas, sem apresentar uma única prova.
A resposta veio à altura. Profissionais do SAMU, incluindo médicos, enfermeiros, socorristas e bombeiros militares, divulgaram uma contundente nota de repúdio que escancara o absurdo da acusação. E com razão. Afinal, não se trata apenas de fake news, trata-se de um ataque gratuito, sem base alguma, que tenta manchar o trabalho de quem vive sob pressão, com salários muitas vezes defasados, e que mesmo assim continua salvando vidas todos os dias.
É no mínimo contraditório que alguém que vive se dizendo vítima de ataques virtuais, agora adote a mesma postura de quem ela tanto critica. O que Marcela fez foi, sim, um linchamento digital, e não contra uma pessoa, mas contra todo um serviço público essencial. Em vez de fazer denúncias nos canais competentes, optou por alimentar seu engajamento com sensacionalismo e desinformação. O povo chama isso de hipocrisia.
A blogueira médica, que parece ter confundido o jaleco com holofotes, precisa entender que a internet não é terra sem lei. Acusar uma equipe inteira de envolvimento com o tráfico, sem qualquer respaldo, é mais do que leviano, é criminoso. Os profissionais do SAMU não são celebridades em busca de curtidas. São trabalhadores. São bombeiros que atravessam madrugadas em acidentes, médicos que tentam ressuscitar vítimas no trajeto, socorristas que veem a morte de perto todos os dias, e que não merecem ser expostos a esse tipo de calúnia.
A nota publicada pelo SAMU é firme, necessária e deveria servir de exemplo para todos os que têm sua dignidade colocada em xeque por influenciadores de ocasião. A verdade precisa prevalecer. A Justiça, também.
Que Marcela Pimenta se retrate, como exige a nota. E que a Polícia Civil investigue. A liberdade de expressão não é salvo-conduto para a difamação, e a sociedade anapolina, que respeita e confia nos serviços de urgência, não pode ser vítima do narcisismo digital de ninguém.