Hoje, não é mais a competência que define quem se destaca. Em muitos casos, basta dominar duas habilidades simples, porém eficazes: reclamar e culpar.
A dinâmica é simples. Em vez de assumir responsabilidades ou buscar soluções, basta encontrar um culpado conveniente e vocalizar a indignação com entusiasmo. Quanto mais barulho, mais aplausos. A competência, o mérito e o esforço real dão lugar à capacidade de se apresentar como vítima. Assim, muitos transformam seus próprios fracassos em plataformas de sucesso.
Antigamente, a evolução premiava os mais fortes, os mais preparados, os mais adaptáveis. Hoje, parece que a sobrevivência favorece aqueles que melhor dramatizam suas dificuldades e apontam o dedo para tudo e todos, menos para si mesmos. É a nova lei do mais frágil, do mais escandaloso, do mais ressentido.
A reclamação virou moeda valiosa no mercado social. Reclamar é mais fácil que construir. Culpar é mais rápido que aprender. Em um mundo onde a indignação gera curtidas e seguidores, quem tenta de fato resolver problemas passa despercebido.
Não se trata de negar que existam injustiças. Elas existem, são reais, e combatê-las é necessário. O problema é a transformação da reclamação em modo de vida, em estratégia pessoal, em ferramenta de ascensão. Quem aprende a reclamar melhor conquista espaço, respeito e até poder, sem precisar apresentar resultados concretos.
Estamos formando gerações que acreditam que vencer é secundário. Importante mesmo é saber culpar, saber protestar, saber reclamar com estilo. O trabalho silencioso, a evolução pessoal, a verdadeira superação, perdem espaço para o espetáculo da vitimização.
Assim, lentamente, não são mais os fortes ou os sábios que lideram. São os que dominam a arte de reclamar, apontar culpados e fazer disso seu passaporte para o sucesso.